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Foto do escritorNara Guichon

Uma reflexão sobre como podemos mudar a realidade ao nosso redor



Há algum tempo tenho refletido sobre as palavras ajudar e colaborar. Com frequência leio frases do tipo: “Precisamos ajudar as comunidades”, ou “Precisamos ajudar o meio ambiente”. Não compactuo e nem me sinto bem com a ideia de ajudar, mas colaborar me serve, pois na verdade, quando colaboro sinto que tenho permissão e que existe também uma troca…



Essa troca é possível pois tenho disponibilidade e necessidade de colaborar ativamente, sem me colocar no lugar de ajudar a pobre pessoa ou o pobre animal. Colaboro para que haja um desenvolvimento e promovo o ganho para ambos os lados. Com a minha colaboração o outro se fortalece, eu uso minha energia, isso me faz bem e o problema é extinto. Todos ganham, ninguém é vítima ou herói.



A expressão ajudar tem mais a ver com “fazer para” e não com “fazer com”. Em sua etimologia a palavra ajudar, que vem do latim, significa ad (perto, junto) e juváre (ser útil, socorrer, prestar auxílio). Quem ajuda é quem intervém dentro de um problema em busca de uma solução.



Prefiro a palavra colaborar, que significa simplesmente co-laborar, laborar em conjunto, trabalhar com. Aquele que colabora não se coloca no lugar de salvador do outro, mas situa-se num espaço de igualdade e respeito.


Colaborar é melhor do que ajudar, pois pressupõe um esforço coletivo, uma sincronia de pensamentos na direção de um problema. Enquanto ajudamos, estamos remediando momentaneamente um problema, criando um curativo na ferida sem curar o doente por completo.



A colaboração é diferente, ela busca parcerias, simbiose, harmonia e soluções.







Por isso dissemino a ideia de que precisamos colaborar com o planeta e não o ajudar. Ele não precisa de ajuda, mesmo porque vive muito bem sem a interferência humana.



A natureza nada mais é que um grande e admirável sistema de colaboração entre diferentes seres e coisas. Veja uma floresta: do solo à copa das árvores, tudo está ligado num sistema elegante e coerente de colaboração.


O pequeno animal que come um fruto e enterra as sobras inicia o ciclo que dará lugar a uma nova árvore, que produzirá novos frutos e alimentará novas proles de novos animais. O pequeno animal não está ajudando a árvore, nem a árvore ajuda ao animal, mas ambos colaboram, mesmo de modo inconsciente, dentro do propósito: manter o ciclo da vida girando.


Por que deveria ser diferente com nós, seres humanos? As mais pequenas criaturas ou os maiores mamíferos dos oceanos seguem as mesmas leis. Onde não há colaboração a vida definha, seca, se esvai e morre. E é exatamente isso que estamos vendo com o nosso planeta atualmente. Medidas de proteção ao meio ambiente ou de manutenção social são importantes, mas quando são apenas gestos de “ajuda” não resolvem o problema por completo.


Colaborar é nos comprometemos a longo prazo. Ajudar sempre será algo condicionado ao tempo: ajudo quando posso.


Quem colabora trabalha como vocação, se empenha em melhorar definitivamente a realidade de seu entorno.


Espero assim que todos possam se ver como colaboradores de um mundo melhor, e não apenas como “ajudadores”. A colaboração é um gesto nobre e que envolve ativamente pessoas diferentes dentro de um único propósito. Sabemos que as palavras tem poder, por isso é importante que saibamos escolher as expressões que usamos para atingir as mudanças que almejamos ter.

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