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Foto do escritorNara Guichon

Saiba mais sobre as abelhas e sua relevância para a manutenção da vida

O maior nome da física moderna, Albert Einstein, fez uma previsão preocupante. Segundo ele, se as abelhas desaparecessem da superfície da Terra o homem teria apenas mais quatro anos de vida.


Esse alerta foi feito há quase um século e hoje ainda nos perguntamos: conhecemos realmente a verdadeira importância das abelhas em nossa vida?


Para entender a relevância desses pequenos seres, temos que compreender um pouco mais sobre a polinização.


Um processo complexo e delicado


A polinização é a transferência dos grãos de pólen do estame, que é a estrutura masculina de uma flor, para o estigma, que é a estrutura feminina. Essa mudança pode ser feita entre flores da mesma espécie ou até mesmo entre plantas diferentes.


Trata-se de um fenômeno que desencadeia nas plantas o processo de fecundação, base para a geração de diversos frutos. O resultado final são frutas, legumes e outros alimentos que fazem parte da nossa cadeia alimentar e também a de outros animais.

Detalhe da abelha realizando o processo de polinização. Foto: Boris Smokrovic on Unsplash

E onde entram as abelhas? Bom, são exatamente elas que realizam a maior parte deste processo. A polinização das abelhas é responsável por cerca de 75% da produção de alimentos em todo o mundo. Com a ausência das abelhas, muitas as plantas não conseguem produzir e todo o equilíbrio da vida corre sério risco. Um mundo sem abelhas será um mundo sem alimento.


Embora exista a ideia de que todas as abelhas são iguais, só no Brasil existem mais de 3.000 diferentes espécies. Algumas são polinizadoras específicas de determinadas plantas e atuam como parte decisiva na manutenção de biomas inteiros. Mesmo assim ainda sabemos muito pouco sobre as abelhas. Estima-se que apenas 400 espécies brasileiras estão devidamente catalogadas.


Elas são importantes também ao redor do mundo. Nos ecossistemas temperados elas participam de 78% dos ciclos vitais das plantas. Já nos climas tropicais as abelhas atuam em 94% das plantas.




Para se ter medida da importância do trabalho destes incríveis insetos, alimentos fundamentais como café, feijão, abóbora, laranja, maçã, melão e soja são exemplos de produtos agrícolas diretamente dependentes de polinização. O cacau, base para o tão apreciado chocolate, depende de um fino equilíbrio entre o florescimento e presença de abelhas e outros insetos polinizadores. Sem esse ciclo é possível que o cacau desapareça da natureza.

Flor do café. Foto: Pixabay.

O mesmo acontece com o café. Um estudo recente apontou que a presença das abelhas é essencial para a melhor produção do grão da bebida mais apreciada do mundo. As colmeias garantem mais floradas e, consequentemente, uma colheita maior sem a necessidade de estimulantes químicos.


O equilíbrio que permite a natureza nos prover de alimentos essenciais é algo realmente muito frágil. Um exemplo é a abelha Mamangaba. Ainda vista em muitos lugares como um inseto perigoso, ela raramente pica os seres humanos, sem contar o fato de que essa espécie se dedica exclusivamente ao trabalho da polinização do maracujá. Caso desapareça, ela levará consigo também uma das frutas mais consumidas da nossa cultura.

Flor do maracujá. Foto: Wikipédia.

Sem as abelhas não perderíamos só o mel. Na produção de algodão, por exemplo, a polinização aumenta em 16% o peso da fibra, garantinfo mais sementes a cada fruto, o que gera maior rendimento, reduzindo a necessidade de uso de insumos artificiais para aumentar a produção.


Um apocalipse silencioso


Em fevereiro deste ano, agricultores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul detectaram algo estimado em meio bilhão de abelhas mortas. O evento se tornou o maior sinal de alerta para os efeitos dos agrotóxicos sobre a vida das abelhas em nosso país. O motivo é claro: a indústria alimentícia e o uso de agrotóxicos, pesticidas e herbicidas.


Os compostos agrotóxicos conhecidos como neonicotinoides, uma espécie de inseticidas feitos a partir da nicotina, estão entre as substancias que causam os maiores danos. Eles se espalham no ar com facilidade e permanecem nas plantas durante muito tempo, aumentando ainda mais o nível de contaminação.


Já os agrotóxicos à base de Fipronil são conhecidos por serem uma classe devastadora de inseticida, que atua nas células nervosas dos insetos. O grande perigo é que essa substância tem sido usada de modo indiscriminado também dentro de nossas casas, especialmente em produtos como antipulgas para animais domésticos.


A morte das abelhas por conta dos agrotóxicos ocorre principalmente quando a abelha operária sai para realizar a polinização. Ao ter contato com as plantas infectadas muitas abelhas morrem instantaneamente. Porém, muitas delas acabam voltando para as suas colmeias, infectando toda a colônia. Colmeias com milhares de abelhas podem ser dizimadas em questão de horas.


Para piorar ainda mais esse cenário o Brasil caminha na contramão mundial, permitindo a liberação de dezenas de agrotóxicos, enquanto diversos países atuam em direção oposta. Diversos agricultores e apicultores se manifestaram recentemente contra as decisões do governo brasileiro. Até então nada foi feito.

Muitas plantas consideradas ervas daninhas são parte do processo de polinização. Foto: Aaron Burden on Unsplash

Desta maneira, o uso de agrotóxicos na produção agrícola gera um ciclo vicioso com consequências desastrosas. Quanto mais agrotóxicos são utilizados, mais abelhas morrem. Com menos abelhas na natureza, menos flores são polinizadas, gerando uma rápida escassez de produção de alimentos, o que por sua vez leva a indústria a inserir cada vez mais química nos cultivos, causando mais morte de abelhas e assim por diante.


A redução de frutos promove um apocalipse silencioso.


Quando o ciclo das plantas é alterado, os animais herbívoros também sofrem com essa mudança. Essa transformação está dizimando populações inteiras em diversos habitats e começa a influenciar também na saúde humana.


O que fazer para preservar as abelhas?


Afinal, o que podemos fazer diante de uma realidade tão alarmante?


O primeiro passo é repensar a forma como consumimos o mel. Para se ter noção de qual precioso é esse alimento, uma única abelha produz apenas cinco gramas de mel por ano.

Para produzir um quilo de mel, as abelhas precisam visitar nada menos que 5 milhões de flores.


Ou seja, o mel é um produto nobre demais para ser consumido como se fosse um simples açúcar. O ideal é que seja utilizado como um remédio, em situações pontuais e com extremo comedimento.


Outro ponto importante é cuidar do seu jardim, plantar e proteger as flores que servem de alimento para esses insetos. Muitas plantas consideradas ervas daninhas são na realidade espécies importantes para o ciclo de polinização. Um bom exemplo é desta cidade na Holanda, onde os pontos de ônibus foram adaptados para a criação de jardins urbanos, estimulando a presença de abelhas em torno de áreas verdes.

Ponto de ônibus verde. Foto: prefeitura de Utrecht / Nexo Jornal.

Evitar matar as abelhas e destruir suas colmeias é outra ação de suma relevância. Apesar de muitas pessoas sofrerem de alergias e do risco da picada, o ideal é que suas colônias não sejam exterminadas, mas remanejadas com a presença de um especialista.


Consumir apenas alimentos orgânicos é outra forma de ajudar a mantê-las vivas. Alimentos produzidos de modo local e independente não usam agrotóxicos em seu cultivo, o que já é um grande avanço para evitar a contaminação provocada por essas substâncias.


O projeto Sem Abelha Sem Alimento é uma iniciativa que visa conscientizar da importância desses para a vida. Nele você poderá conhecer mais sobre diversas ações que visam manter o equilíbrio ambiental.


Você pode saber mais sobre o assunto nos seguintes sites abaixo:


Save Bees (em inglês)

Greenpeace (em inglês)

 

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