Reflexões sobre a nossa postura em relação ao meio ambiente
Vivemos em um estado de inquietude, ansiedade e estresse como nunca antes experimentado durante os milênios em que habitamos este planeta.
Somos estimulados pelo universo consumista, num cenário cheio de brilho vazio e altos decibéis, onde não existe tempo para um questionamento mais profundo sobre o modo como vivemos e tratamos o nosso planeta.
Absorvemos o que o mercado nos dita como se fôssemos um rebanho paralisado e encantado com tudo o que é ofertado. Como mariposas ao redor do lume, voamos cegamente em torno de uma falsa luz que nos conduz, inexoravelmente, para nossa própria extinção.
Menos é mais
Há até poucas décadas tínhamos uma relação mais íntima e pessoal com os objetos e artefatos ao nosso redor. Nossa roupa, feita por nossas avós, era um exemplo de dedicação e qualidade. Cada peça contava um pouco de nossa própria história. O mesmo se aplicava a diversos elementos do nosso cotidiano.
A comida feita com ingredientes colhidos da horta, os brinquedos feitos de madeira, latas e sobras de tecido – e que mesmo assim nos acompanhavam por toda a infância. Vivíamos num mundo com poucas opções de consumo, mas capazes de suprir totalmente nossas necessidades físicas, culturais e espirituais.
Um tipo de consumo mais consciente, baseado em produtos feitos de modo originalmente artesanal, estimulando a criatividade e os recursos locais. Uma forma mais lenta, atenta e integrada de usar a natureza para nos prover apenas o essencial.
Exemplo de subemprego na indústria da moda. Fonte: SlaveryFreeApparel.
De onde vem e para onde vão as coisas
Diante da oferta abundante de produtos provenientes de todos os pontos do globo, consumimos aquilo que as grandes empresas estabelecem como “moda”, “fashion” ou “tendência”. Gastamos tempo, dinheiro e recursos naturais adquirindo produtos que já saem de fábrica com o prazo de validade determinado – a chamada obsolescência programada.
Esta busca vazia por felicidade em bens materiais está claramente nos levando a uma completa falência das relações humanas. Caminhamos para uma total desconexão com o nosso meio natural e social. Transformada em fantoches consumidores, a humanidade esquece de suas raízes e naufraga numa total falta de empatia e respeito.
A inconveniente verdade é que, a indústria que destrói os valores humanos e naturais, é sustentada por nós mesmos. Parte desta culpa é nossa, ao financiarmos com o nosso consumo irracional, um mercado que rouba os recursos naturais apenas para enriquecer, sem a preocupação de criar qualquer suporte para uma sociedade equilibrada ou um meio ambiente saudável.
Não podemos jamais deixar de perguntar: como e por quem foi feita a minha roupa? Quem trabalhou, e em que condições, para que o alimento chegue à minha mesa? Onde devo descartar este material que já não serve mais?
Eis alguns fatos impactantes:
A cada minuto, um caminhão de lixo é despejado nos oceanos.
Todos os anos, diversos habitats naturais são destruídos, provocando a morte e a extinção de centenas de espécies.
Na Indonésia, a população de orangotangos nativos foi reduzida pela metade por conta da exploração desenfreada da indústria de madeira e produção de óleos naturais.
Os lixões e aterros sanitários causam uma grande destruição ambiental e social em diversas regiões do mundo.
Desta forma, desperdiçamos nossa energia vendendo nossa própria vida em troca de um capital que serve apenas para sustentar um mercado doente. Trabalhamos para ter, na maioria das vezes, artigos que são totalmente dispensáveis.
Torna-se imprescindível iniciar pequenas mudanças em nossa forma de consumir. Um exemplo simples e eficaz, é o shampoo. Esse produto, considerado por muitas pessoas como fundamental, se tornou parte de nossa rotina através de uma construção social criada pela indústria. Em sua composição o shampoo industrial possui diversos elementos químicos nocivos e até cancerígenos.
O ideal é consumir shampoo em barra feito por cosmeticista local, desta forma você poderá ter acesso a todo o passo a passo desta produção. O mesmo vale para diversos artigos. Busque alimentos orgânicos de produtores locais, prefira roupas feitas de fibras naturais, busque comprar peças e utensílios reciclados ou de material reaproveitado. Essa escolha pode de fato mudar o mundo.
A importância em cuidar da vida
Integrar-se à natureza, procurar compreender melhor a dinâmica da vida em nosso planeta, respeitar o próximo, desejar ter menos coisas e viver mais experiências sustentáveis – eis alguns princípios para desenvolvermos o verdadeiro equilíbrio da vida humana e do todo.
É preciso atentar para o fato que estamos matando o nosso planeta com atitudes assustadoramente desrespeitosas, movidas por atos inconsequentes de consumo.
Já estamos colhendo os frutos desta irresponsabilidade, e em breve as próximas gerações viverão dramas ambientais e sociais ainda mais severos. Cabe a nós dizer não. Cada um tem em suas mãos a chance de fazer a diferença. Para isso precisamos agir sem demora.
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